Sobre a nova página e a lista de espera

Meus amigos fadistas e tocadores de viola,

Antes de mais, quero pedir desculpa por andar tanto tempo sem colocar nada (ou quase) neste blogue. Os pedidos vão-se acumulando, há pedidos de músicas que foram feitos há vários meses e que infelizmente, por razões profissionais (com os 15% de desempregados em Portugal, deveria dizer que não tive tempo “felizmente”), não consegui ainda contemplar. Peço imensa desculpa, fiquem a saber que sinto o peso da consciência quase todos os dias, e quase todos os dias penso naqueles que me pediram este ou aquele fado e ainda estão à espera.

Sendo assim, já estou a trabalhar para fornecer, ao menos, os acordes dos fados pedidos, sem as passagens. Sempre será uma base de trabalho para aqueles que eventualmente já perceberam os princípios das passagens e agora só precisam dos acordes. Depois, quando tiver mais tempo,

Esses fados em lista de espera, com acordes mas sem as transições, encontrar-se-ão na página d’Os próximos fados.

Criei uma nova página. Reparei que alguns tocadores andam à procura de informações sobre o baixo de fado, ou de parceiros para tocarem. Acho esses pedidos absolutamente legítimos e por isso mesmo criei uma nova secção em que esses pedidos ficarão mais visíveis para todos. Espero sinceramente que isto permita que os pedidos encontrem resposta.

A página chama-se Anúncios e encontra-se aqui. Para adicionar um anúncio, basta meter um comentário na devida página e terei todo o prazer de copiar a mensagem no corpo da página. Ou então, podem também enviar-me um e-mail : blog.violadefado@gmail.com .

Cumprimentos e mais uma vez peço desculpa pela demora em responder aos vários pedidos que aqui chegam.

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Coimbra, menina e moça

Voltar à música de Coimbra, para mim, é como deixar o mundo à sua realidade, fugir um pouco ao dia-a-dia e rever as paisagens tão lindamente ásperas da Beira Alta, vá-se lá saber por que razão associo sempre a canção de Coimbra às minhas visitas à terra da minha mãe, lá na região de Vouzela e São Pedro do Sul.

Em termos de execução à viola, a canção coimbrã apresenta algumas diferenças com o fado de Lisboa. Poderá ver, logo na introdução, como é o toque, que tem um ar de arpégio. As indicações aqui expressas são mais uma aproximação do que uma realidade absoluta.

Dentro de dias, tentarei adicionar uns vídeos feitos por mim (ainda por fazer), para acompanhar as indicações dos fados que aqui coloco. Já são muitos os pedidos.

Aqui vai o vídeo:

Apontamentos prévios:

  • Recomenda-se a execução do acorde de G assim: 355433, e não em 320033.
  • O acorde de D7 faz-se assim : x5453x.

Nota habitual :
São assinalados (entre parênteses) por a, b, c, etc., os esquemas de transição mais comuns. Esses esquemas são representados mais abaixo neste artigo (clique na imagem para ampliar). Quando várias letras aparecem, “(a,b)” por exemplo, significa que o tocador pode utilizar qualquer uma das passagens (a) e (b). Agradeço todos os comentários e correcções: lembro que sou apenas um amador que toca fado para divertimento pessoal.

Introdução : G Bm Am Cm G D G (ver mais abaixo a introdução completa)

G               Bm          Am (b)
Coimbra menina e moça
D                D7            G (c, d)
Rouxinol de Bernardim
G                Bm          Am
Coimbra menina e moça
D             D7               G (e) Bm F7 E7
Rouxinol de Bernardim

.      E7                         Am (f)
Não há terra como a nossa
D7                                G (e) Bm F7
Não há no mundo outra assim.
.     E7                           Am (f)
Não há terra como a nossa
D7                               G
Não há no mundo outra assim.

Instrumental: G – Bm – Am – Cm – G – D – G (como introdução)

Coimbra é de Portugal
Como a flor é do jardim
Coimbra é de Portugal
Como a flor é do jardim

Como a estrela do céu
Como a saudade é de mim.
Como a estrela do céu
Como a saudade é de mim.

Esquemas de transição (clique para ampliar)

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Fado Marcha de Raul Pinto

De volta aos fados tradicionais, e a pedido de um leitor, aqui vai o Fado Marcha de Raul Pinto. Foi recentemente cantado pela Carminho, mas ganhou fama com o grande Fernando Maurício (que merecia uma referência neste blogue, já tardava), na letra Sótão da Amendoeira. Este fado apresenta também outra letra cantada por Carlos do Carmo (O resto da minha esperança) e por Cidália Moreira em Eu vivo melhor assim.

Aqui vai o vídeo:

Apontamentos prévios:

  • Passagem c : a passagem não é de todo indispensável, pode-se usar o G ou o G7 nesta parte da música.
  • Passagem g : passagem rápida, que só aparece nas últimas duas estrofes (2’42” e 3’27” da música).

Nota habitual :
São assinalados (entre parênteses) por a, b, c, etc., os esquemas de transição mais comuns. Esses esquemas são representados mais abaixo neste artigo (clique na imagem para ampliar). Quando várias letras aparecem, “(a,b)” por exemplo, significa que o tocador pode utilizar qualquer uma das passagens (a) e (b). Agradeço todos os comentários e correcções: lembro que sou apenas um amador que toca fado para divertimento pessoal.

Introdução: Fm – Cm – G7 – Cm (ver mais abaixo a introdução completa)

Cm (b)               G7 (c)
Naquele típico sótão
Sob as telhas mais antigas
.  Fm                        Cm (d,e,h,i)
Da Rua da Amendoeira

Fm         (f)                   Cm
Inda há traços que denotam
.                           (b)  G7 (c)
O sabor dado às cantigas
.                                Cm (d,e,h,i)
Pla Matilde cantadeira

Fm                               Cm
Inda há traços que denotam
.                            (b) G7 (c,g)
O sabor dado às cantigas
.                              Cm
Pla Matilde cantadeira

Airosa mas inconstante
A Matilde dava ao Fado
A graça de outros estilos
No velho café cantante
Que ficava mesmo ao lado
Da Estalagem dos Camilos
No velho café cantante
Que ficava mesmo ao lado
Da Estalagem dos Camilos

No sótão esconso e sujo
Três sombras, porte ufano
Espreitam a Mouraria
As lágrimas dum Marujo
Os ciúmes dum Cigano
E os remorsos de um Rufia
As lágrimas dum Marujo
Os ciúmes dum Cigano
E os remorsos de um Rufia

Senti presos os meus pés
Mas desviei o caminho
E quedei-me ali à beira
Só para ver outra vez
Aquele sótão velhinho
Da rua da Amendoeira
Só para ver outra vez
Aquele sótão velhinho
Da rua da Amendoeira

Introdução completa (clique para ampliar)

Esquemas de transição (clique para ampliar):


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Carta a Leslie Burke

Este fado não é um fado tradicional. Vem no álbum Fados da jovem Carminho e é da autoria de Diogo Clemente. É um belo fado cuja execução só com viola (em vez de acompanhamento da guitarra) proporciona uma balada muito agradável de tocar e de ouvir. Toque-o só com arpégios e verá toda a beleza da música. Mas pode também tocá-lo como acompanhamento do vídeo, o que também fica bonito.

Aqui vai o vídeo :

Apontamentos prévios:

  • Este fado moderno faz uso intenso do arpégio: os esquemas apresentados dão um exemplo de duas figuras possíveis (cada dedo separadamente ou então a sequência polegar / indicador / médio+anular juntos). Há outras possibilidades ainda, como acelerar o arpégio.
  • O acorde de Eb faz-se assim: 365343. O acorde Bbdim é: x12020. O acorde de A° é: 54454x. O acorde de Dm7/5b é x5656x. Este último aparece frequentemente em fados cantados por Carlos do Carmo, como teremos (se tiver tempo suficiente) a ocasião de verificar um dia destes.

Nota habitual :
São assinalados (entre parênteses) por a, b, c, etc., os esquemas de transição mais comuns. Esses esquemas são representados mais abaixo neste artigo (clique na imagem para ampliar). Quando várias letras aparecem, “(a,b)” por exemplo, significa que o tocador pode utilizar qualquer uma das passagens (a) e (b). Agradeço todos os comentários e correcções: lembro que sou apenas um amador que toca fado para divertimento pessoal.

Intro : Gm – Dm – Bbdim – Eb – D7 – G#7 – G7 – Cm – A° – D7 – Gm – G7 – Cm – Eb – D7 – Gm

Gm (a)                                               Eb                   D7 (b)
Para além de mim, para além de nós e deste mundo,
.                                                                      Gm
Criei um mundo nos meus olhos p’ra te olhar
.               Cm        (c) A°                     Gm
E por amor refiz o céu e o mar profundo
.         G7                                                    Cm
E se não foi amor que mais pudera eu dar.
.                Eb    (d)         D7                      Gm
E se não foi amor que mais pudera eu dar.

Gm              Eb                                      D7
Deixei saudades no teu rosto desenhado
.                                                     Gm
Pelo meu jeito infantil de te querer.
.                Cm                    A°               Gm
Fomos à casa, o sol e o vento apregoado,
.                         G7                                               Cm
Erguendo os braços quando a vida os quis erguer.
.                         Eb                      D7                     Gm
Erguendo os braços quando a vida os quis erguer.

Gm                                            Eb                    D7
Dentro de mim, dentro da infância e deste rio
.                                                                      Gm
Deixei o amor ao rio que a alma me prendera
.                Cm                      A°             Gm
E juro a Deus que fico aqui neste vazio,
.                        G7                                              Cm
P’ra além de mim, p’ra além de nós à tua espera.
.                         Eb                         D7                Gm
P’ra além de mim, p’ra além de nós à tua espera.

Instrumental : Gm – Eb – D7 – G#7 – Dm7/5b – G7

.                  Cm                  A°               Gm
E juro a Deus que fico aqui neste vazio,
.                        G7                                              Cm
P’ra além de mim, p’ra além de nós à tua espera.
.                          Eb                        D7               Gm          D7 Gm
P’ra além de mim, p’ra além de nós à tua espera.

Esquemas de transição (clique na imagem para ampliar)

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Bia da Mouraria

O fado Bia da Mouraria é um fado mais elaborado do que os fados que temos visto até agora. Foi popularizado pela grande fadista Maria Armanda, e está a ficá-lo outra vez, desta feita com a voz de Carminho. É esta última versão que proponho aqui. A execução até é fácil. Mais difícil foi a transcrição, pois não tenho total certeza no que diz respeito a certos acordes. Quem tiver dúvidas pode assinalá-las, desde já agradeço. Haverá seguramente algumas correcções nas próximas semanas.

Aqui vai o vídeo:

Apontamentos prévios:

  • O acorde de Edim7/G executa-se assim: 3x232x (o dedo indicador cobre todas as cordas na segunda posição, o dedo média posiciona-se na corda de Mi grave e o anular na corda de sol).
  • Cuidado com as sequências do tipo [C#7 G#7 C#7 F#], como no último verso da primeira quadra: para uma boa execução, veja a passagem (d). O G#7 serve apenas de transição entre dois acordes de C#7.
  • Neste fado, é melhor exectuar o acorde C#7 assim : (4)46464.

Nota habitual :
São assinalados (entre parênteses) por a, b, c, etc., os esquemas de transição mais comuns. Esses esquemas são representados mais abaixo neste artigo (clique na imagem para ampliar). Quando várias letras aparecem, “(a,b)” por exemplo, significa que o tocador pode utilizar qualquer uma das passagens (a) e (b). Agradeço todos os comentários e correcções: lembro que sou apenas um amador que toca fado para divertimento pessoal.

Intro: C#7 G#7 C#7 F# F# C#7 F#

F#m                                     E7 (a,b)
Lá vai a Bia que arranjou um par jeitoso
.                               D7                                   C#7 (c)
É vendedor como ela ali para o Bem Formoso
.                  Bm                                    F#m (d)
São dois amores, duas vidas tão singelas
C#7 G#7          C#7          F#
Enquanto ela vende flores, o Chico vende cautelas

Edim7/G      C#7  G#7 C#7           F#
Na Mouraria só falam do namorico
F# (e)                   C#7                                      F#
A Bia namora o Chico e as conversas são iguais
Edim7/G     C#7 G#7                C#7              F# (f só no último refrão)
Ai qualquer dia, Deus queira que isto não mude
.           C#7     G#7          C#7                       F#
A Senhora da Saúde vai ser pequena demais

O casamento já tem a data marcada
Embora qualquer dos noivos tenha pouco mais que nada
Vai ter a Bia, a festa que ela deseja
Irá toda a Mouraria ver o casório na igreja

Instrumental : (sequência do refrão) Edim7/G – C#7 -G#7 – C#7 – F# – C#7 – F# – Edim7/G – C#7 -G#7 – C#7 – F#

Na Mouraria só falam do namorico
A Bia namora o Chico e as conversas são iguais
Ai qualquer dia, Deus queira que isto não mude
A Senhora da Saúde vai ser pequena demais

Esquemas de transição (clique nas imagens para ampliar)

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10 mil páginas vistas

Ainda não passaram 5 meses desde o primeiro bilhete aqui colocado, e tenho a alegria e o orgulho de anunciar que este blogue acabou de ultrapassar as 10 mil páginas visitadas. Quer isto dizer que existe imensa procura no que ao fado diz respeito. De facto, quem começa a tocar viola pouco ou nada tem à disposição para aprender especificamente o fado. Acho pena.

Quando comecei a estudar o fado, sozinho à noite depois do trabalho, já tinha ideias de publicar algo para poder partilhar. A ideia inicial era preparar um songbook, de forma a atingir uns 60 fados e, depois, divulgá-lo assim em formato pdf pela internet. Acabei por achar mais interessante começar um blogue, até porque se esperasse para conseguir os 60 fados, em 2072 ainda estaria longe do objectivo. De facto, não me arrependo de ter optado pela solução do blogue.

O meu obrigado por gostarem de tocar viola e… por gostarem de fado e… por gostarem… de tocar fado com a viola.

Em preparação está agora um vídeo sobre as transições (a pedido de um leitor), e mais uns apontamentos sobre o fado Bia da Mouraria (está quase pronto para publicação, dentro de 1 ou 2 dias provavelmente).

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Fado Menor do Porto

Olá boa noite, cá estou eu de novo, com mais um fado. Estive tanto tempo afastado deste blogue, por razões profissionais, que estava a ser urgente uma actualização. Ainda tenho muito pouco tempo, por isso vou desrespeitar a ordem que eu tinha estabelecido e vou publicar um fado que já conhecia e não precisei agora de estudar. É um dos fados que mais gosto de tocar, por ser (na minha opinião) um dos mais lindos do nosso repertório nacional. Trata-se de um fado menor um pouco mais complexo que o fado menor: fado menor do Porto. Os acordes são simples, mas os principiantes (e os que não estão habituados, de uma forma geral) rapidamente vão descobrir que a execução desta peça requer uma certa dose de paciência e… de músculos na mão esquerda.

Este fado é a base musical de várias letras famosas, como Não é desgraça ser pobre (Amália Rodrigues) e Quando Amália acontece (Carlos Zel).

Já que temos ao nosso dispor um vídeo que permite ver (de vez em quando) a execução dos acordes de viola, vamos aproveitar esta versão, cantada por Camané, com Carlos Manuel Proença à viola, no filme de Carlos Saura, Fados (que de fados, na verdade, tem pouca coisa, mas seria um debate para abrir noutra ocasião.) A vantagem desta versão em relação à versão de Carlos Zel (de que gosto ainda mais) é que a execução, aqui, é mais moderna e nos permite, portanto, aprender outras formas de tocar, como este misto de arpégio que vamos ver.

É provável que eu faça um vídeo sobre este fado, precisamente, porque os esquemas aí em baixo não me parecem muito fáceis de entender, com tanto arpégio e misturas de arpégio e não-arpégio. Se houver alguma coisa que não entendem mesmo, não hesitem em dizer-me.

Aqui vai o vídeo:

Apontamentos prévios:

  • O acorde de G#7 pode ser substituído, ocasionalmente, por outros três: um acorde de G#, que fica na mesma tonalidade, um acorde de G#° [433433], que dá uma tonalidade mais grave, resignada, à música, e também um acorde de AbM7b5 [4x553x], deslocando apenas o dedo médio e deixando os restantes dedos na posição original do Cm, que traz uma dissonância um pouco jazzy, uma técnica cada vez mais usada nos fados modernos ou modernizados. (Cada um fará ao seu gosto.)
  • O acorde de Cadd9 é este : [x23030]. [Assinalaram-me que este não se chama Cadd9. De facto, não é. Ainda não percebi qual seria o nome deste acorde, vou investigar.] Pode ser substituído de vez em quando por Bdim [x2313x] ou ainda Cbdim [x2343x]. Neste caso, a posição dos dedos deve ser diferente: no Cadd9 e no Cbdim, o dedo indicador é que ocupa o espaço da corda de Lá ; no acorde de Bdim, o indicador põe-se na corda de Sol.

Nota habitual :
São assinalados (entre parênteses) por a, b, c, etc., os esquemas de transição mais comuns. Esses esquemas são representados mais abaixo neste artigo (clique na imagem para ampliar). Quando várias letras aparecem, “(a,b)” por exemplo, significa que o tocador pode utilizar qualquer uma das passagens (a) e (b). Agradeço todos os comentários e correcções: lembro que sou apenas um amador que toca fado para divertimento pessoal.

Intro: (ver mais abaixo a tablatura da introdução completa)

A#7 – G#7 – G7 – Cadd9 – Cm – A#7 – G#7 – G7 – Cadd9 – Cm

Cm (b)       G#7   G7
Sopra demais o vento
.                Cadd9        Cm
Para eu poder descansar
Cm (b)     G#7      G7 (c, d, f)
Sopra demais o vento
Fm (e)        G7            Cm
Para eu poder descansar
A#7        G#7           G7
Há no meu pensamento
.                Cadd9              Cm
Qualquer coisa que vai parar
A#7        G#7           G7
Há no meu pensamento
.                Cadd9                Cm
Qualquer coisa que vai parar

Talvez esta coisa da alma
Que acha real a vida
Talvez esta coisa da alma
Que acha real a vida
Talvez esta coisa calma
Que me faz a alma vivida
Talvez esta coisa calma
Que me faz a alma vivida

Sopra um vento excessivo
Tenho medo de pensar
Sopra um vento excessivo
Tenho medo de pensar
O meu mistério eu avivo
Se me perco a meditar
O meu mistério eu avivo
Se me perco a meditar

Vento que passa e esquece
Poeira que se ergue e cai
Vento que passa e esquece
Poeira que se ergue e cai
Ai de mim se eu pudesse
Saber o que em mim vai!
Ai de mim se eu pudesse
Saber o que em mim vai!

Esquemas de transição (clique nas imagens para ampliar)

Intro:

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Fado da Idanha

O Fado da Idanha é da autoria de Ricardo Borges de Sousa, guitarrista da primeira metade do séc. XX (1860-1930). Trata-se de um fado rápido e alegre, em tom maior, e a sua execução à viola não é especialmente problemática, uma vez que tem apenas 2 acordes principais, sendo as passagens pouco variáveis. Este fado tem várias versões, sendo a mais popular a versão Fado da Idanha cantada por Maria Teresa de Noronha. Outras letras são Malmequer, Eu gosto da minha casinha (ambos cantados por Amália Rodrigues). Vamos estudar este fado utilizando a letra cantada por Ada de Castro, Na crista daquela onda, numa letra de Carlos José Teixeira. Na viola está José Maria Nóbrega.

Este fado é muito fácil de acompanhar: basta seguir sempre o mesmo esquema E e B7.

Aqui vai o vídeo:

Apontamentos prévios:

  • O esquema mantém-se durante a música toda. Depois da introdução, que é representada mais abaixo, basta ir sempre do ponto (a) ao ponto (b) e recomeçar sempre a mesma sequência.
  • O acorde B7 faz-se de duas maneiras seguidas (x24242 e x21202).

Nota habitual :
São assinalados (entre parênteses) por a, b, c, etc., os esquemas de transição mais comuns. Esses esquemas são representados mais abaixo neste artigo (clique na imagem para ampliar). Quando várias letras aparecem, “(a,b)” por exemplo, significa que o tocador pode utilizar qualquer uma das passagens (a) e (b). Agradeço todos os comentários e correcções: lembro que sou apenas um amador que toca fado para divertimento pessoal.

Intro: E – B7

E                                  B7
O meu amor prometeu-me
.                                  E
Vir numa onda do mar
.                                    B7
O meu amor prometeu-me
.                                  E
Vir numa onda do mar
.                                B7
Eu fui a correr à praia
.                                    E
Ver o meu amor chegar
.                               B7
Eu fui a correr à praia
.                                         E
Meu amor para te abraçar

Passei a tarde inteirinha
A ver as ondas do mar
Passei a tarde inteirinha
A ver as ondas do mar
Naquela praia sozinha
Até os olhos cansar
Naquela praia sozinha
Na esperança de te encontrar

E já o sol se escondia
P’ra além das ondas do mar
E já o sol se escondia
P’ra além das ondas do mar
Na crista daquela onda
Vi-te meu amor chegar
Na crista daquela onda
Passei a adorar o mar

Ajoelhei e pedi
A Deus para abençoar
Ajoelhei e pedi
A Deus para abençoar
Na crista daquela onda
Todas as ondas do mar
Na crista daquela onda
De espuma branca a brilhar.

Esquemas (clique na imagem para ampliar)

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Fado Pedro Rodrigues em Ré menor

De regresso aos fados, aqui juntam-se dois pedidos : o Caso Arrumado, cantado por Ana Moura e que me foi pedido, não é nada mais nada menos que um fado Pedro Rodrigues (outro pedido). Este fado simplesmente tem o nome de quem o compôs (não sei em que ano, não tendo cá a minha bíblia dos fados, o tal livro de Daniel Gouveia que já várias vezes referi neste blogue.) Exemplos de letras aplicadas ao fado Pedro Rodrigues são muitos: Nunca é silêncio vão (Carminho), Duas lágrimas de orvalho (Carlos do Carmo), Ai meu amor se bastasse (Aldina Duarte), Primavera (Amália Rodrigues) são apenas os mais famosos.

Vamos estudar aqui a versão da Ana Moura, tocada em ré menor (um tom mais usado pelas mulheres), e mais tarde irei colocar a versão em sol menor, cantada pelos homens, por exemplo na versão de Carlos do Carmo, Duas lágrimas de orvalho.

Aqui vai o vídeo:

Apontamentos prévios:

  • O acorde de A#° faz-se assim: 655655. Constitui apenas uma transição e pode até ser substituído por um simples acorde de A# ou A#7.
  • O acorde de C#dim pode ser efectuado de duas maneiras: x4535x ou x4565x. No esquema (h), alterna-se a corda tocada pelo indicador ao passar da corda de Lá (4a posição) para a corda de Mi grave (5a posição).
  • No esquema (f), o acorde Em3 que serve de transição efectua-se muito facilmente: basta deslocar o dedo mínimo sem alteração da posição dos restantes dedos.

Nota habitual :
São assinalados (entre parênteses) por a, b, c, etc., os esquemas de transição mais comuns. Esses esquemas são representados mais abaixo neste artigo (clique na imagem para ampliar). Quando várias letras aparecem, “(a,b)” por exemplo, significa que o tocador pode utilizar qualquer uma das passagens (a) e (b). Agradeço todos os comentários e correcções: lembro que sou apenas um amador que toca fado para divertimento pessoal.

Intro : C#dim – Dm – A#° – A7 – Dm – (a) Gm – C#dim – Dm – (b) A#° – A7 – Dm (c,d)

Dm                     A#°            A7 (h)
Não te via há quase um mês
Chegaste e mais uma vez
.                                     Dm  (a,g)     Gm
Vinhas bem acompanhado
.                      C#dim    Dm (b)
Sentaste-te à minha mesa
.             A#°                     A7 (f)
Como quem tem a certeza
.                                       Dm (a,e) Gm
Que somos caso arrumado
.       C#dim                   Dm (b)
Sentaste-te à minha mesa
.                A#°               A7 (f)
Como quem tem a certeza
.                                     Dm (c,d)
Que somos caso arrumado

Ela não me queria ouvir
Mas tu pediste a sorrir
O nosso fado preferido
Fiz-te a vontade, cantei
E quando à mesa voltei
Ela já tinha saído
Fiz-te a vontade, cantei
E quando á mesa voltei
Ela já tinha saído

Não é a primeira vez
Que começamos a três
Eu vou cantar e depois
O nosso fado que eu canto
É sempre remédio santo
Acabamos só nós dois
O nosso fado que eu canto
É sempre remédio santo
Acabamos só nós dois

Eu sei que tu vais voltar
Para de novo te livrar
De um caso sem solução
Vou cantar o nosso fado
Fica o teu caso arrumado
O nosso caso é que não
Vou cantar o nosso fado
Fica o teu caso arrumado
O nosso caso é que não

Esquemas de transição (clique nas imagens para ampliar)


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A viola de fado está de férias

Pois é, não haverá actualizações nem novos fados durante as próximas duas semanas. Amanhã dia 23 viajo até à nossa querida Europa para passar o Natal e o fim do ano com os meus familiares.

Este blogue já recebeu mais de 3 600 visitas desde que começou em princípios de Outubro. Não passaram ainda 3 meses, e já me parece um pequeno sucesso, tendo em conta as dúvidas que eu tinha no início. Acredito que vale a pena continuar. Obrigado a todos os que me incentivaram, e ainda agradeço a todos os que quiserem corrigir os meus erros nas cifras e pautas que apresento.

Só depois do 06 de Janeiro de 2011 é que irei colocar outros fados aqui, entre eles o Fado Pedro Rodrigues, o Cavalo Ruço, Carta a Leslie Burke e também, para variar um pouco, um fado de Coimbra (não sei ainda qual deles).

Desejo a todos e a todas umas boas festas, um excelente Natal e um feliz Ano Novo, que tudo corra pelo melhor e que o fado vos acompanhe sempre, da mesma forma que me acompanha a mim.

Aquele abraço,
Miguel

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